Antropologia Filosófica – Uma reflexão sobre o ser humano
A condição animal como ponto inicial no processo de compreensão sobre o
homem
Introdução
Este estudo tem como objetivo dar início à
reflexão sobre os seres humanos, destacando a importância de admitir sua
condição de animal dotado de um corpo que o aproxima e o distingue
dos demais seres do planeta. Admitir essa aproximação e essa distinção requer
esforço típico da reflexão filosófica, indiscutivelmente necessária para a
formação ética e para a construção da convivência humana solidária. Afinal, uma
das perguntas centrais da Filosofia, colocada de início é exatamente: Quem
somos nós, seres humanos? E ainda: Qual é a nossa condição de
transformar o mundo em que vivemos em um lugar melhor?
Iniciaremos a reflexão proposta por aquilo que
nosso olhar constata de imediato quando mira um ser humano e a si mesmo, ou
seja, começaremos pela evidência de que temos um corpo. E esse corpo nos
remete, antes de tudo, ao lugar dos animais. As primeiras perguntas em nossa
reflexão filosófica são: Que espécie de animal nós somos? O que nos
caracteriza? O que nos marca como animais da espécie humana?
O saber sobre o corpo
Estamos no século XXI. E toda
extraordinária evolução das ciências e das explicações racionais e detalhadas
dos fenômenos que envolvem nossa existência nos colocam perante desafios como a
interpretação do corpo humano e de suas práticas cotidianas. Mas será que
sempre foi assim?
Nas culturas primitivas, o indivíduo
não tinha consciência de possuir um corpo que interage num mundo de corpos e
objetos. Não havia reflexão sobre a individualidade, e, portanto, a
corporeidade objetiva não era percebida em meio a um mundo de corpos e
objetivos.
Concepções
filosóficas sobre o corpo
Com o início da atividade reflexiva,
o homem toma contato com sua individualidade por meio da introspecção. Sócrates inaugura essa atividade,
levando o homem a identificar-se e à sua posição diante dos outros. Quebra a
unidade do ser, dividindo-o em corpo perecível e alma imortal.
Com Platão, corpo e alma assumem posições contrárias, antagônicas: a
alma é eterna, pura, sábia, ao passo que o corpo é mortal, impuro, degradante.
O corpo é uma verdadeira prisão que impede a ascensão da alma ao plano ideal e
perfeito.
O cristianismo retoma a concepção dualista platônica, fazendo imperar uma visão de corpo corrupto,
pecaminoso, um empecilho ao desenvolvimento da alma, uma verdadeira “pedra no
meio do caminho”...
A Idade Moderna, com o advento da ciência experimental, inicia o
estudo direto sobre o corpo como objeto de conhecimento, surgem a anatomia e a
medicina científicas, que buscam as relações de causa e efeito inerentes ao
funcionamento dessa “máquina orgânica”, como se convencionou chamar o corpo. No
entanto, o corpo continuou dissociado da alma, jogado no lodo, ao passo que a
alma era coroada como portadora da razão, da intelectualidade que tirava o
homem da simples condição de animal.
Para René Descartes, importante filósofo moderno, o homem constitui-se
de duas substâncias: uma pensante, a
alma, razão e sua existência, ao passo
que a segunda substância, o corpo, é simplesmente uma res extensa,
uma coisa extensa, que não tem nada em comum com a alma. A consciência e a
reflexão filosófica situam-se no plano da alma, nada têm a ver com o corpo.
Os vitalistas
No século XVIII, aparece uma
corrente que se opõe ao mecanicismo – que compara o corpo a uma máquina – são
os vitalistas. Diziam que o corpo não é uma máquina insensível, mas um ser
dotado e sensibilidade, emoções, afeições. O princípio vital não é imortal, mas
um conjunto de “forças que resistem à morte”.
Por quase dois milênios o corpo foi,
então, como que “uma pedra no meio do caminho” da existência do homem, sem que
se percebesse que ele era a própria manifestação dessa existência. Mas, pouco a
pouco, parece que o corpo foi sendo reabilitado. Lentamente tirado do lodo
desprezível em que se encontrava, mas quase nunca chegando à igualdade de
posição com a alma.
Concepção
atual sobre o corpo
Hoje parece que temos um homem um
pouco mais preocupado com seu corpo, pois o caráter materialista
de nossa
civilização ensina que devemos nos preocupar mais com essa vida mundana presente.
Mas essa preocupação não é integral: por ter feito um pouco de ginástica pela
manhã, o homem acha que seu corpo já está em “forma”, e sobrecarrega-o no restante
do dia, alimenta-se mal, abandona o corpo, limitando-se a “rolar a pedra pelo
caminho” em direção ao pôr do sol de sua existência.
Na busca de uma beleza impossível,
porque é fabricada pela propaganda, ficamos mais feios e perdemos a saúde. A
filosofia procura nos mostrar que outra deve ser a relação que devemos ter com
o corpo, e qual sua importância em nossas vidas. O corpo humano é o corpo que
sente, percebe, fala, chama a atenção para o corpo que somos e vivemos.
Vamos refletir:
1)
Os
seres humanos têm inicialmente uma condição de animal dotado de um corpo
que o aproxima e o distingue dos demais seres do planeta. Escreva
elementos que nos aproximam e elementos que nos distinguem dos
outros animais.
2)
Como
as concepções de Sócrates, Platão e cristã entenderam o
corpo?
3)
Explique
a concepção moderna que considera o corpo como uma “máquina orgânica” e
compare com a concepção dos vitalistas.
4)
Como
a sociedade atual entende o corpo? Existem padrões tidos como ideais
de beleza? Escreva.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
COTRIM,
Gilberto; FERNANDES, Mirna. Fundamentos
de Filosofia. 4ªed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 154-157.
Ética
e Cidadania: Caminhos da Filosofia: Elementos para o ensino de filosofia/
Sílvio Gallo (coord.); 18ª ed. rev. e atualizada: Campinas, SP: Papirus, 2003. p.
62-67.
GALO,
Sílvio. Ética e Cidadania: Caminhos da
Filosofia. 18ªed. Campinas, SP: Papirus, 2010. p. 103-109.
felipe moreira velasco
ResponderExcluir3°a
1) R:O homem tem inteligência, consciência e capacidade para analisar seus atos, executar suas tarefas, planejar suas atividades e colocá-las em prática, já o animal não preve as consequencias de teus atos, e segue sempre o teu "instinto animal e suas sensações.
2) R:Sócrates inaugura essa atividade, levando o homem a identificar-se e à sua posição diante dos outros. Quebra a unidade do ser, dividindo-o em corpo perecível e alma imortal.
Platão, corpo e alma assumem posições contrárias, antagônicas: a alma é eterna, pura, sábia, ao passo que o corpo é mortal, impuro, degradante.
O cristianismo retoma a concepção dualista platônica, fazendo imperar uma visão de corpo corrupto, pecaminoso, um empecilho ao desenvolvimento da alma, uma verdadeira “pedra no meio do caminho”...
3) R:ao pensar que o corpo é uma maquina organica, passam a cuidar del.,e de maneira estética, no intuito de agradar a mente e os olhos, como por exemplo pregam que é necessário um corpo bonito, mas não tomam atitudes adequadas para tal.
do contrário dos vitalistas que dizem que o corpo é dotado de sentidos e sensibilidades capaz de muitas coisas mas nunca igualado a alma.
4) R:sim existem padrões tidos como ideais de beleza, mas impossiveis de se alcançar por que são tratados e passados como uma propaganda, algo fora do comum e muito dificil de se alcançar e manter.
Luana 3°a
ResponderExcluir1-r: o homem tem mais responsabilidade. De alcançar e manter o equilíbrio
2-r: basta relaxar
3-r: tem que pensar muito pra ter reflexões sobre eles
4-r: basta imaginar o que um corpo faria
Maykon 3°a
ResponderExcluir1-Semelhança: São heterótrofos
diferença: o ser humano é racional, o animal irracional
2-Sócrates inaugura essa atividade, levando o homem a identificar-se e à sua posição diante dos outros. Quebra a unidade do ser, dividindo-o em corpo perecível e alma imortal.
Platão, corpo e alma assumem posições contrárias, antagônicas: a alma é eterna, pura, sábia, ao passo que o corpo é mortal, impuro, degradante.
O cristianismo retoma a concepção dualista platônica, fazendo imperar uma visão de corpo corrupto, pecaminoso, um empecilho ao desenvolvimento da alma, uma verdadeira “pedra no meio do caminho”.
3-Platão comenta que "O corpo é uma verdadeira prisão que impede a ascensão da alma ao plano ideal e perfeito", fazendo assim uma analogia ao corpo e a alma.
Na idade moderna o corpo continuou dissociado da alma, jogado no lodo, ao passo que a alma era coroada como portadora da razão, da intelectualidade que tirava o homem da simples condição de animal.
Para René é simplesmente uma res extensa, uma coisa extensa, que não tem nada em comum com a alma. A consciência e a reflexão filosófica situam-se no plano da alma, nada têm a ver com o corpo.
Os vitalistas diziam que o corpo não é uma máquina insensível, mas um ser dotado e sensibilidade, emoções, afeições. O princípio vital não é imortal, mas um conjunto de “forças que resistem à morte”.
4-Sim, existe um padrão de beleza baseado na sociedade "na mídia" que se transformam frequentemente, mas segundo meu conceito. A beleza é relativa, "o'que me agrada pode não te agradar". mas grande parte da sociedade procura se levar ao padrão da mídia pelo seu alto índice de influência.