O homem não
vive sem a Pólis
Aristóteles
(384-322 a.C.) dedicou boa parte de sua obra ao estudo de como o ser humano
pode ser feliz vivendo em sociedade. “O homem”, afirma Aristóteles
em A Política, “é naturalmente um animal político”. Político deve ser
entendido como “participante da polis”. Em outras palavras, para esse
filósofo um indivíduo vivendo sozinho é inconcebível: um homem absolutamente
solitário ou auto-suficiente deixaria de ser homem – seria um deus ou uma fera,
nas palavras de Aristóteles – ou simplesmente não sobreviveria.
A obra “A Política” é considerada um dos
primeiros tratados sistemáticos sobre a arte e a ciência de governar
a polis e, portanto, da filosofia política. Foi devido a essa obra
clássica que o termo política se firmou nas línguas ocidentais.
Política como continuação da ética
Política como continuação da ética
Aristóteles entendia a política
como uma “continuação” da ética, só que aplicada à vida pública. Assim,
depois de refletir, em Ética a Nicômaco, sobre o modo de vida que conduz à
felicidade humana, o filósofo investigou em “A Política” as instituições públicas e
as formas de governo capazes de propiciar uma maneira melhor de viver
em sociedade. Aristóteles considerava essa investigação fundamental, pois, para
ele, a cidade (a pólis) constitui uma criação natural e o ser humano
também é, por natureza, um animal social e político.
O conceito grego de política como esfera de
realização do bem comum tornou-se clássico e permanece até os nossos
dias, mesmo que seja como um ideal a ser alcançado.
Aristóteles também entende que a
cidade tem precedência (vem antes) sobre cada um dos indivíduos, pois,
isoladamente, o indivíduo não é autossuficiente, e a falta de um indivíduo não
destrói a cidade. Assim, afirmou: “o todo
deve necessariamente ter precedência sobre as partes” (A Política, p.15).

A Pólis deve promover o bem comum
A pólis era para
Aristóteles a melhor organização social possível, desde que fosse regida por
critérios justos, que visassem ao bem comum. Para entender como o filósofo
julgava ser possível determinar esses critérios, ele classificava a ética e a
política como ciências práticas, que tinham a finalidade de aperfeiçoar o
ser humano. A aplicação dessas ciências leva o desenvolvimento do ser humano na
direção de uma existência melhor.
O filósofo definia
a ética como a ciência que trata do caráter e da conduta
dos indivíduos, e a política como os estudos que regem a
existência dos homens vivendo numa comunidade, no caso a pólis. O
homem feliz era aquele que praticava incessantemente a virtude, sempre
aperfeiçoando o seu caráter. Esse seria o campo específico da ética. No entanto, a
conduta justa do indivíduo só teria sentido dentro da vida em sociedade.
Por isso, a política seria tão
importante: para que o indivíduo possa ser virtuoso (ético e, portanto, feliz),
é necessário haver uma organização política favorável para que essa finalidade
seja atingida. Qual é ela? Para Aristóteles, é a pólis governada
democraticamente, na qual todos os cidadãos façam parte de uma grande
assembléia que governa a cidade, determinando seus destinos e redigindo leis
que garantam uma existência digna para seus habitantes.
É interessante relatar,
finalmente, que esse filósofo estimava que, por meio da política, todos os
homens livres teriam iguais condições de distinguir o que é bom, através do
diálogo com os outros e, assim, determinar as normas mais adequadas para a vida
em sociedade.
REFLITA E
RESPONDA:
1. A base do pensamento político de
Aristóteles é a afirmação de que o ser humano é por natureza um animal
político. Como ele chegou a tal conclusão?
2. Por que a política seria uma
continuação da ética, segundo Aristóteles? Explique.
3. Conforme o pensamento aristotélico,
você considera ultrapassada a ideia de política como realização do bem comum ou
esse propósito ideal ainda é válido hoje? Dê sua opinião.
4. Aristóteles é um filósofo que valoriza
a democracia. Que parte do texto pode ser usada para justificar essa ideia?
5. Faça uma relação entre ética, política e
felicidade, conforme a filosofia aristotélica.
Referências Bibliográficas:
ARISTÓTELES. A Política. Brasília: UnB, 1985.
CHALITA, Gabriel. Vivendo a Filosofia. São
Paulo: Atual, 2002.
COTRIM, Gilberto; FERNANDES,
Mirna. Fundamentos de Filosofia. 4ªed. São Paulo: Saraiva, 2016.
Imagem 1: https://knoow.net/historia/historiaantiga/acropole-de-atenas/
acessado em 29/04/2020 às 17h48
Imagem 2: https://www.pensador.com/frase/MTUyMTM5OA/
acessado em 29/04/2020 às 17h55
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