quarta-feira, 6 de maio de 2020


SÓCRATES

Contexto histórico:
Sócrates (470 a 399 a.C) nasceu numa época em que Atenas se tornava uma potência política, econômica e militar, a cidade Estado hegemônica da Grécia. Nasceu no chamado “século de Péricles”, que passou a governar Atenas quando Sócrates tinha vinte anos de idade. O século que viu nascer foi o chamado “século de ouro”, “época das luzes”, o “milagre grego”, sem similar na história do mundo ocidental. A democracia já era uma realidade desde que Clístenes introduzira suas reformas. Atenas era uma cidade florescente.
Mesmo tendo sido muitas vezes incluído entre os sofistas, Sócrates recusava tal classificação e opunha-se a eles de forma crítica. Opunha-se, igualmente, aos poderosos de seu tempo, sendo acusado de não crer nos deuses da cidade e corromper a juventude. Por isso, foi condenado e morto.
O pensamento de Sócrates que predominantemente chegou até nos foi transmitido por Platão.

Quem foi Sócrates:
            Sócrates foi filho de Sofronisco, um escultor e Fenareta, uma parteira. Nasceu em Atenas, onde passou toda sua vida. Certo dia, um amigo seu, Querofonte testemunhou a afirmação, proveniente (que veio de alguém ou algum lugar) do oráculo de Delfos, de que Sócrates era “o mais sábio dos homens”. Inicialmente intrigado, Sócrates procura o sentido de tal afirmação. Sendo um homem sem nenhum conhecimento especializado, deduz que sua sabedoria só poderia ser resultado da percepção que tinha da própria ignorância e, seguindo a indicação do deus Apolo, passa a questionar todo aquele que se considerasse dotado de sabedoria.

A verdade e a felicidade em Sócrates:
            Para Sócrates a procura pela verdade implicava em conseguir uma convivência honesta e digna entre os homens. Para ele conhecer a verdade teria como consequência inevitável agir bem, quanto aos maus atos, só seriam cometidos por ignorância. O bem e a verdade estariam intimamente ligados, seriam inseparáveis, conhecer seria igual a conhecer o bem. Agir conforme o bem seria decorrência do conhecimento. Pelo mesmo raciocínio, uma ação danosa a si ou a outros seria decorrência do desconhecimento.
            De acordo com o pensamento de Sócrates, a finalidade da vida é a felicidade, que estaria na capacidade do ser humano em estabelecer para si mesmo, por meio do saber, suas próprias leis e regras de condutas (de como agir).

O método socrático, dialético ou maiêutico:
            A filosofia de Sócrates era desenvolvida mediante o diálogo crítico ou dialética, com seus interlocutores, o qual poderia ser dividido em:
- Refutação ou ironia: Etapa em que o filósofo interrogava seus interlocutores sobre aquilo que pensavam saber, formulando -lhes perguntas e procurando evidenciar suas contradições. Seus objetivos era fazê-los tomar consciência profunda de suas próprias re spostas, das consequências que poderiam ser tiradas de suas reflexões, muitas vezes repletas de conceitos vagos e imprecisos.
- Maiêutica:  Etapa em que ele propunha aos discípulos uma nova série de questões, com o objetivo de ajudá-los a conceber ou reconstruir suas próprias ideias. Por isso, essa fase é chamada de maiêutica, termo que em grego significa: “arte de trazes a luz”.
            Sócrates transmitia seu ensinamento a qualquer homem, tivesse ele um interesse especial pelo debate filosófico ou não. Ele aplicava o método “parto das ideias” num sentido amplo, que não se restringia a sua doutrina especifica.
            A popularidade de Sócrates em Atenas era decorrente de sua atitude em relação à filosofia: Sócrates percorria a cidade com frequência dialogando com os jovens e adultos nos espaços públicos. Essa atividade, aliás, era condizente com a cultura ateniense da época, afinal a democracia se fundamentava justamente nos debates públicos.

A morte de Sócrates:
            A popularidade de Sócrates o levou a uma consequência funesta (danosa, mortal). Alguns cidadãos de Atenas, enfurecidos pela ironia que Sócrates não tinha medo de usar, acusaram-no oficialmente de impiedoso (por desrespeitar os deuses, a religião) e de induzir os jovens a se comportar de maneira imprópria. Como resultado em 399 a.C. Sócrates foi levado a julgamento. Diante dos juízes, rebateu os argumentos de seus acusadores e, apesar de se declarar inocente, foi condenado à morte por envenenamento. Foi então, concedida a chance de escapar da pena se renegasse suas ideias diante do tribunal, ao mesmo tempo em que alguns amigos arquitetaram um plano para que ele fugisse de Atenas. Entretanto, Sócrates não aceitou nenhuma das alternativas, ambas desonrosas do seu ponto de vista e foi morto por meio da ingestão de cicuta, um veneno letal extraído de uma planta de mesmo nome.

Questões para reflexão:

1-) Explique com suas palavras o que é a Ironia e Maiêutica, procedimentos utilizados por Sócrates para chegar ao conhecimento verdadeiro.

2-) Por que, para Sócrates, agir bem ou fazer o bem, estava ligado ao conhecimento?

3-) “Só sei que nada sei”, frase atribuída a Sócrates, é aparentemente contraditória. Qual a importância desse princípio nas ideias defendidas pelo filósofo?

4-) O que Sócrates fez para ser considerado um elemento perturbador da democracia ateniense?

5-) Por que é possível dizer que a condenação de Sócrates teve um motivo político?

Referência
CHALITA, Gabriel. Vivendo a Filosofia. São Paulo: Atual, 2002. (p.46-49)
COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna. Fundamentos de Filosofia. 4ªed. São Paulo: Saraiva, 2016. (p.222)
MEIER. Celito. Filosofia: por uma experiência da complexidade. Volume único. 2ª Ed. Belo Horizonte: MG; Pax Editora e Distribuidora, 2014 (p.101)


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