AS CONTRADICÕES DA CIVILIZAÇÃO.
Você já observou que em nosso dia a dia nos deparamos com uma série de contradições no exercício da cidadania? Que muitas vezes os seus desejos podem parecer indispensáveis, mas, muitas vezes, podem ser superficiais? Para começar este momento e apresentar alguns conceitos importantes, vamos realizar um exercício.
Vamos observar a definição
de CIVILIZAÇÃO E BARBARIE são
elas:
A
Tragédia grega foi o primeiro gênero teatral que surgiu na Grécia. Depois dela,
surge a comédia e a tragicomédia, ambos gêneros menores, segundo os gregos. Isso
porque na Tragédia os personagens não eram pessoas comuns, como apareceriam nas
comédias.
Além
disso, os júris da tragédia envolviam pessoas escolhidas da aristocracia,
enquanto na comédia eram pessoas comuns, escolhidas da plateia.
As
tragédias eram textos teatrais que apresentavam histórias trágicas e dramáticas
derivadas das paixões humanas as quais envolveriam personagens nobres e
heroicas: deuses, semideuses e heróis mitológicos. Todas elas possuíam uma
característica comum: tensão permanente e o final infeliz e trágico.
Segundo
o filósofo grego Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.) a Tragédia era um gênero maior
capaz de transmitir nas pessoas as sensações vividas pelas personagens.
Em
outras palavras, a catarse representava uma descarga de sentimentos e emoções
provocados pela tragédia.
Em resumo: as tragédias gregas
estavam relacionadas com a mudança da organização em clãs para a formação da
Pólis. As tragédias nesse momento tinham o objetivo de contextualizar a
convivência nas cidades, ensinar os homens a serem cidadãos. A tragédia traz
dilemas morais e questões éticas. Segundo Jean-Pierre Vernant em seu livro Mito e Tragédia na Grécia Antiga, a
tragédia marca uma etapa na formação do homem como sujeito responsável. As
tragédias nas encenações teatrais tinham também uma função pedagógica.
Observamos que as peças teatrais
gregas chamadas de tragédia buscavam a apresentar às pessoas dilemas presentes
em nossa vida e na história humana. Acredita-se que diante das peças teatrais
da tragédia o homem aprendia como ser um sujeito ético, responsável, exercendo
assim, uma função pedagógica, ou seja, os homens desenvolviam a noção de
comportamento civil.
Neste sentido o homem civilizado é
aquele que estabelece regras para viver em sociedade, que é capaz de frear os
seus instintos e desejos em nome de um bem maior, a vida em sociedade, que
exige respeito ao outro em sua individualidade e coletividade.
Entretanto, ao longo da história, é
possível observar diversos atos humanos disfarçados de civilizados, que podem
ser considerados bárbaros. Alguns exemplos:
-
Guerras
-
Escravização
-
Exploração
-
Domínio de outros povos.
Sobre este assunto, alguns filósofos
contemporâneos dedicaram especial reflexão. Os filósofos da ESCOLA DE FRANKFURT, porém antes
é preciso compreender alguns conceitos, são eles:
O século XVIII é decisivo. O Iluminsimo, aliado às
transformações sociais, abalam a Monarquia a Religião. Na passagem do século
XVIII para o XIX, as estruturas sociais da Europa são reconfiguradas, os
discursos de validação de comportamento não se referem mais à tradição.
A organização social é pensada por especialistas. Vamos a uma
exemplificação bem na moda hoje: se o indivíduo sente alguma dor, ele deve ir
ao médico. Antigamente, se o indivíduo sentia alguma dor, ele deveria consultar
o xamã, o pajé, o padre etc.
Uma das consequências mais evidentes refere-se à indeterminação
que a Modernidade provoca nos indivíduos. Se o passado não é mais capaz de
fornecer formas de comportamento que deem segurança ao indivíduo, ele deve
forjar novos valores.
Contudo, ao se destruir o passado, a possibilidade de criação
abre várias perspectivas, e nenhuma é capaz de oferecer garantia de sucesso. Um
exemplo claro pode ser percebido em relação ao papel da mulher. O começo do século
XX viu nascer movimentos sociais que exigiam participação política ampla.
Em suma, a Modernidade traz uma sensação de angústia constante,
pois o indivíduo é confrontado com possibilidades de escolha de novas
alternativas sem que saiba qual será o resultado dessas novas formas de viver.
Some-se a isso o desenvolvimento do Capitalismo que, ao
introduzir um novo valor, a acumulação do Capital, provoca a erosão dos valores
tradicionais. Nas sociedades da Antiguidade Clássica, a lealdade, a honestidade
e a coragem eram virtudes valorizadas, pois estavam associadas ao ideal
guerreiro.
Nas sociedades capitalistas, o dinheiro surge como bem supremo
diante do qual os outros valores devem ser sacrificados. Duas consequências
derivam-se dessas condições:
- Sensação de Angústia de um sujeito
em crise;
- Fragmentação do eu, em virtude de se ver dividido entre valores humanos e valores econômicos.
PÓS
MODERNIDADE:
As
características da pós-modernidade podem ser resumidas em alguns pontos:
inclinação a se deixar dominar pela imaginação das mídias eletrônicas;
colonização do seu universo pelos mercados (econômico, político, cultural e
social); celebração do consumo como expressão pessoal; pluralidade cultural;
polarização social devido aos distanciamentos acrescidos pelos rendimentos;
falências das metanarrativas emancipadoras como aquelas propostas pela
Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade.
A ESCOLA DE FRANKFURT:
É diante do contexto, do início da chamada
pós-modernidade, que os filósofos da chamada Escola de Frankfurt irão construir
sua filosofia e reflexões sobre o mundo.
A Escola de Frankfurt é assim chamada por compor um grupo
de pensadores alemães do Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt, fundado na
década de 1920. Entre os seus membros destacaram-se: Theodor Adorno, Max
Horkheimer, Jürgen Habermas, Herbert Marcuse, Walter Benjamin. Os conhecimentos
produzidos por esta escola ficaram conhecidos como teoria crítica.
A reflexão, construída por esses filósofos, estavam
voltadas para chamada sociedade de massa (termo que caracteriza a sociedade
atual). A crítica realizada por eles está em observar e apontar que os avanços
tecnológicos, foram colocados à serviço da lógica capitalista, ao mesmo tempo
que o consumo e diversão passaram a ser promovidos como formas de garantir
apaziguamento e a diluição dos problemas sociais.
Na obra Dialética
do Esclarecimento, escrita por Adorno e Horkheimer, os autores realizam
duras críticas ao Iluminismo, que estimulou o desenvolvimento de uma razão
controladora e instrumental (domínio da natureza e do próprio homem),
predominante da sociedade contemporânea. Denunciam também a deturpação
(desfigurada, deformada) dos indivíduos ao sistema social dominante e
desencantamento do mundo
Em resumo a denúncia realizada por esses filósofos é a
morte da razão crítica, asfixiada pelas relações de produção capitalista.
Assinalam ainda para desesperança de transformação desta realidade social, com
a falta de consciência revolucionária, causada pela alienação da consciência
das pessoas, por meio da indústria cultural.
CIVILIZAÇÃO E BARBÁRIE – A DICOTOMIA EXISTENTE NAS RELAÇÕES
HUMANAS
Você já
parou para pensar que a definição do bárbaro é feita pelo civilizado? Nesse
sentido, a relação passa de oposição para complementariedade. Podemos afirmar
que esta narração se dá sempre na relação do discurso do dominante sobre o
dominado, do colonizador sobre o colonizado etc. Em todos os campos bipolares
um depende do outro para elaborar os seus discursos.
Há, nas relações humanas, a dicotomia existente entre as posições existentes, que são necessárias, tais como: Esquerda e Direita, Pobres e Ricos, Civilizados e Bárbaros, essas relações são necessárias para revelar as posições sociais, e as mudanças nas estruturas sociais, ao longo da história.
Para
complementar a ideias da relação existente entre Civilizados e Bárbaros, assista
ao vídeo de uma palestra do Profº Leandro Karnal que fala da relação entre
Civilização e Barbárie
- O
poço (disponível no Netflix)
- Ensaio
sobre a cegueira.
Ambos os filmes expõem os seres humanos a
situações extremas, fazendo com estas pessoas tomem atitudes que revelam quem
elas realmente são.
CONCLUINDO:
·
A civilização requer o controle dos nossos impulsos, emoções.
·
Barbárie são atitudes que estão ligadas a falta de civilização, a selvagerias.
·
Entretanto, diante de uma situação civilizada, observamos que há
várias ações de barbárie;
·
A modernidade tem em sua essência justamente a construção de uma
sociedade civilizada, pautada na razão humana, a partir dos ideais trazidos
pelo Iluminismo.
·
A pós-modernidade caracteriza a sociedade em que vivemos, onde
tudo é muito efêmero (passageiro) ligeiro.
·
A Escola de Frankfurt aponta os problemas dos projetos da
modernidade, e que, o projeto pautado na razão humana, fracassou.
· Civilizados e Bárbaros representa uma das formas da dicotomia existentes na sociedade, necessárias para afirmação de um grupo em relação a outros e promover, muitas vezes as transformações sociais
Como
então responder a nossa questão problema: Como
meus desejos podem ser compatibilizados com a cidadania? Observamos que é
importante que tenhamos uma opinião, preferencialmente construída a partir de
uma reflexão profunda sobre as nossas relações, mas não devemos infringir a
lei. Sendo assim, os desejos precisam respeitar certos limites, precisam ser
controlados. No entanto, vemos que muitos cidadãos não respeitam esses limites
e praticam violências, com frequência, o que é inaceitável. Mas, o mais
preocupante está no fato de não nos espantarmos mais com isso. No fato de termos
banalizado certas violências.
·
- O
que você pensa sobre isso?
·
- O
que você pensa sobre as contradições da civilização?