segunda-feira, 1 de junho de 2020


Antropologia Filosófica – Uma reflexão sobre o ser humano

 

A condição animal como ponto inicial no processo de compreensão sobre o homem


Introdução
Este estudo tem como objetivo dar início à reflexão sobre os seres humanos, destacando a importância de admitir sua condição de animal dotado de um corpo que o aproxima e o distingue dos demais seres do planeta. Admitir essa aproximação e essa distinção requer esforço típico da reflexão filosófica, indiscutivelmente necessária para a formação ética e para a construção da convivência humana solidária. Afinal, uma das perguntas centrais da Filosofia, colocada de início é exatamente: Quem somos nós, seres humanos? E ainda: Qual é a nossa condição de transformar o mundo em que vivemos em um lugar melhor?
Iniciaremos a reflexão proposta por aquilo que nosso olhar constata de imediato quando mira um ser humano e a si mesmo, ou seja, começaremos pela evidência de que temos um corpo. E esse corpo nos remete, antes de tudo, ao lugar dos animais. As primeiras perguntas em nossa reflexão filosófica são: Que espécie de animal nós somos? O que nos caracteriza? O que nos marca como animais da espécie humana?

O saber sobre o corpo
            Estamos no século XXI. E toda extraordinária evolução das ciências e das explicações racionais e detalhadas dos fenômenos que envolvem nossa existência nos colocam perante desafios como a interpretação do corpo humano e de suas práticas cotidianas. Mas será que sempre foi assim?
            Nas culturas primitivas, o indivíduo não tinha consciência de possuir um corpo que interage num mundo de corpos e objetos. Não havia reflexão sobre a individualidade, e, portanto, a corporeidade objetiva não era percebida em meio a um mundo de corpos e objetivos.

Concepções filosóficas sobre o corpo
            Com o início da atividade reflexiva, o homem toma contato com sua individualidade por meio da introspecção. Sócrates inaugura essa atividade, levando o homem a identificar-se e à sua posição diante dos outros. Quebra a unidade do ser, dividindo-o em corpo perecível e alma imortal.
            Com Platão, corpo e alma assumem posições contrárias, antagônicas: a alma é eterna, pura, sábia, ao passo que o corpo é mortal, impuro, degradante. O corpo é uma verdadeira prisão que impede a ascensão da alma ao plano ideal e perfeito.
            O cristianismo retoma a concepção dualista platônica, fazendo imperar uma visão de corpo corrupto, pecaminoso, um empecilho ao desenvolvimento da alma, uma verdadeira “pedra no meio do caminho”...
            A Idade Moderna, com o advento da ciência experimental, inicia o estudo direto sobre o corpo como objeto de conhecimento, surgem a anatomia e a medicina científicas, que buscam as relações de causa e efeito inerentes ao funcionamento dessa “máquina orgânica”, como se convencionou chamar o corpo. No entanto, o corpo continuou dissociado da alma, jogado no lodo, ao passo que a alma era coroada como portadora da razão, da intelectualidade que tirava o homem da simples condição de animal.
            Para René Descartes, importante filósofo moderno, o homem constitui-se de duas substâncias: uma pensante, a alma, razão e sua existência, ao passo que a segunda substância, o corpo, é simplesmente uma res extensa, uma coisa extensa, que não tem nada em comum com a alma. A consciência e a reflexão filosófica situam-se no plano da alma, nada têm a ver com o corpo.

Os vitalistas
            No século XVIII, aparece uma corrente que se opõe ao mecanicismo – que compara o corpo a uma máquina – são os vitalistas. Diziam que o corpo não é uma máquina insensível, mas um ser dotado e sensibilidade, emoções, afeições. O princípio vital não é imortal, mas um conjunto de “forças que resistem à morte”.
            Por quase dois milênios o corpo foi, então, como que “uma pedra no meio do caminho” da existência do homem, sem que se percebesse que ele era a própria manifestação dessa existência. Mas, pouco a pouco, parece que o corpo foi sendo reabilitado. Lentamente tirado do lodo desprezível em que se encontrava, mas quase nunca chegando à igualdade de posição com a alma.


Concepção atual sobre o corpo
            Hoje parece que temos um homem um pouco mais preocupado com seu corpo, pois o caráter materialista
de nossa civilização ensina que devemos nos preocupar mais com essa vida mundana presente. Mas essa preocupação não é integral: por ter feito um pouco de ginástica pela manhã, o homem acha que seu corpo já está em “forma”, e sobrecarrega-o no restante do dia, alimenta-se mal, abandona o corpo, limitando-se a “rolar a pedra pelo caminho” em direção ao pôr do sol de sua existência.
            Na busca de uma beleza impossível, porque é fabricada pela propaganda, ficamos mais feios e perdemos a saúde. A filosofia procura nos mostrar que outra deve ser a relação que devemos ter com o corpo, e qual sua importância em nossas vidas. O corpo humano é o corpo que sente, percebe, fala, chama a atenção para o corpo que somos e vivemos.



Vamos refletir:
1)    Os seres humanos têm inicialmente uma condição de animal dotado de um corpo que o aproxima e o distingue dos demais seres do planeta. Escreva elementos que nos aproximam e elementos que nos distinguem dos outros animais.
2)    Como as concepções de Sócrates, Platão e cristã entenderam o corpo?
3)    Explique a concepção moderna que considera o corpo como uma “máquina orgânica” e compare com a concepção dos vitalistas.
4)    Como a sociedade atual entende o corpo? Existem padrões tidos como ideais de beleza? Escreva.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna. Fundamentos de Filosofia. 4ªed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 154-157.
Ética e Cidadania: Caminhos da Filosofia: Elementos para o ensino de filosofia/ Sílvio Gallo (coord.); 18ª ed. rev. e atualizada: Campinas, SP: Papirus, 2003. p. 62-67.
GALO, Sílvio. Ética e Cidadania: Caminhos da Filosofia. 18ªed. Campinas, SP: Papirus, 2010. p. 103-109.

3 comentários:

  1. felipe moreira velasco
    3°a
    1) R:O homem tem inteligência, consciência e capacidade para analisar seus atos, executar suas tarefas, planejar suas atividades e colocá-las em prática, já o animal não preve as consequencias de teus atos, e segue sempre o teu "instinto animal e suas sensações.

    2) R:Sócrates inaugura essa atividade, levando o homem a identificar-se e à sua posição diante dos outros. Quebra a unidade do ser, dividindo-o em corpo perecível e alma imortal.
    Platão, corpo e alma assumem posições contrárias, antagônicas: a alma é eterna, pura, sábia, ao passo que o corpo é mortal, impuro, degradante.
    O cristianismo retoma a concepção dualista platônica, fazendo imperar uma visão de corpo corrupto, pecaminoso, um empecilho ao desenvolvimento da alma, uma verdadeira “pedra no meio do caminho”...

    3) R:ao pensar que o corpo é uma maquina organica, passam a cuidar del.,e de maneira estética, no intuito de agradar a mente e os olhos, como por exemplo pregam que é necessário um corpo bonito, mas não tomam atitudes adequadas para tal.
    do contrário dos vitalistas que dizem que o corpo é dotado de sentidos e sensibilidades capaz de muitas coisas mas nunca igualado a alma.

    4) R:sim existem padrões tidos como ideais de beleza, mas impossiveis de se alcançar por que são tratados e passados como uma propaganda, algo fora do comum e muito dificil de se alcançar e manter.

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  2. Luana 3°a

    1-r: o homem tem mais responsabilidade. De alcançar e manter o equilíbrio
    2-r: basta relaxar
    3-r: tem que pensar muito pra ter reflexões sobre eles
    4-r: basta imaginar o que um corpo faria

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  3. Maykon 3°a

    1-Semelhança: São heterótrofos
    diferença: o ser humano é racional, o animal irracional

    2-Sócrates inaugura essa atividade, levando o homem a identificar-se e à sua posição diante dos outros. Quebra a unidade do ser, dividindo-o em corpo perecível e alma imortal.

    Platão, corpo e alma assumem posições contrárias, antagônicas: a alma é eterna, pura, sábia, ao passo que o corpo é mortal, impuro, degradante.

    O cristianismo retoma a concepção dualista platônica, fazendo imperar uma visão de corpo corrupto, pecaminoso, um empecilho ao desenvolvimento da alma, uma verdadeira “pedra no meio do caminho”.

    3-Platão comenta que "O corpo é uma verdadeira prisão que impede a ascensão da alma ao plano ideal e perfeito", fazendo assim uma analogia ao corpo e a alma.

    Na idade moderna o corpo continuou dissociado da alma, jogado no lodo, ao passo que a alma era coroada como portadora da razão, da intelectualidade que tirava o homem da simples condição de animal.

    Para René é simplesmente uma res extensa, uma coisa extensa, que não tem nada em comum com a alma. A consciência e a reflexão filosófica situam-se no plano da alma, nada têm a ver com o corpo.

    Os vitalistas diziam que o corpo não é uma máquina insensível, mas um ser dotado e sensibilidade, emoções, afeições. O princípio vital não é imortal, mas um conjunto de “forças que resistem à morte”.




    4-Sim, existe um padrão de beleza baseado na sociedade "na mídia" que se transformam frequentemente, mas segundo meu conceito. A beleza é relativa, "o'que me agrada pode não te agradar". mas grande parte da sociedade procura se levar ao padrão da mídia pelo seu alto índice de influência.

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